A Internet de hoje se estabelece sobre as fundações de uma rede de computadores
projetada na década de 70. É de se esperar, que o avanço das tecnologias de informação e
comunicação tenha trazido consigo inovações, quebras de paradigmas e ampliação do
horizonte do que é possível na rede. Era de se esperar também, que a própria rede fosse
ganhando nova roupagem e evoluindo no mesmo passo. Contudo, a história mostrou-se
diferente. Talvez pelo medo de se “mexer no time que está ganhando”, a rede ainda carrega
os mesmos pilares, e não dá suporte a diversas questões importantes para o usuário de hoje
em dia, como qualidade de serviço e engenharia de tráfego. O MPLS surgiu não como um
projeto de Internet do futuro, uma revolução, mas sim como tentativa de mudança no
funcionamento da rede para satisfazer essas questões citadas há pouco.
O MPLS é um protocolo de troca de pacotes que não visa substituir nenhuma das
tecnologias existentes, ele apenas se integra a elas. Como ele apenas insere um rótulo nos
pacotes, ou quadros, que serão trocados, toda a tecnologia física e de enlace, bem como os
protocolos de rede, são abstraídos, de forma que o rótulo passa a conter toda a informação
referente ao encaminhamento desse pacote ao seu destino. Os LERs são os responsáveis
pela inserção dos rótulos nos pacotes ou quadros, caso eles estejam entrado na rede e
remoção caso eles estejam saindo.
Os rótulos definem o caminho que será feito pelos pacotes, os LSPs, dentro da nuvem
MPLS, e são distribuídos pelos protocolos de distribuição. Usando o RSVP pode-se agregar
aos rótulos informações de reserva de banda para um LSP.
O MPLS, então, é muito usado nas áreas de TE e de garantia da QoS . Isso ocorre
devido a essa possibilidade de se reservar uma determinada quantidade da banda para cada
LSP, e também ao fato de que os LSPs devem ser pré-estabelecidos antes que os pacotes
comecem a transitar por eles. Assim pode ser feito um controle de conexão, permitir ou não
a criação de LSPs, controle de tráfego, e controle da rede, não sobrecarregando nenhum
segmento dela, construindo muitos LSPs, enquanto ainda existem lugares com um tráfego de
dados pequeno.
Existe, ainda, uma generalização do MPLS, o GMPLS, que leva todas essas
características de TE para tecnologias que não se baseiam na comutação de pacotes, como
fibra ótica e SONET.
Finalmente, podemos dizer que o MPLS e o GMPLS são, atualmente, importantes
protocolos para a Internet.
O MPLS foi criado como uma forma de trazer as características de controle da QoS,
algo intrínseco do ATM, para o IP. Além disso, ele conseguia, com sucesso, integrar esses dois
tipos de rede. Concebido como uma maneira de fazer uma rede IP se aproveitar de uma
backbones ATM, e no final das contas conseguiu até substituir essa rede assíncrona.
Seu caráter multiprotocolo permite uma implementação diferente de acordo com sua
aplicação. Uma dessas aplicações, as VPNs, são amplamente utilizadas hoje em dia. Embora
seja, dentre as maneiras de se implementar uma VPNs, talvez a opção mais cara, é a mais
segura, além de ser a que oferece menos overhead (um rótulo é muito menor do que
qualquer outro tipo de encapsulamento). É também a única alternativa totalmente
controlada pelos provedores de serviço, o que pode explicar seu sucesso.
Outra característica importante, embora ainda não usada pelos ISPs, é a capacidade
do MPLS oferecer Serviços Diferenciados. A MPLS VPN, por exemplo, poderia ser somente
um dos serviços diferenciados oferecidos, de modo que ainda haveria uma gama enorme de
serviços a se oferecer.
O GMPLS ainda é uma tecnologia incipiente, com bastantes pesquisas em torno dela
e nem tanta adoção no mercado por enquanto. Porém, tende a seguir a mesma linha do
MPLS. Com a fibra ótica como o meio de transmissão mais rápido existente, e cada vez mais
utilizada, é de se imaginar que as aplicações comerciais para o GMPLS comecem a chegar no
mercado em breve.