Visão Geral
Como foi dito nas seções de Arquitetura e Protocolo, o MPLS fornece várias facilidades
na área de engenharia de tráfego. Entretanto, é necessário saber como funciona a TE (Traffic
Engineering), mais especificamente.
A TE se preocupa em otimizar a performance das redes. Para tanto ela mede, modela,
caracteriza e controla o tráfego. Seu objetivo principal, então, é ajudar a prover operações
eficientes e confiáveis em uma rede, enquanto otimiza o uso de seus recursos e sua
performance. No MPLS, só são usadas a medição e o controle do trafego.
A TE pode ser orientada tanto ao tráfego, quanto aos recursos da rede. No quesito
tráfego, a TE tenta mitigar os fatores que afetam o tráfego diretamente, como: minimizar
atraso e perda de pacotes, e maximizar a vazão de pacotes. Já no quesito recursos, é levado
em conta o uso eficiente dos recursos de uma rede.
Pode-se dizer, então, que a TE visa sempre evitar congestionamentos na rede. Logo,
não se pode haver uma parte da rede com sua banda sobrecarregada enquanto outras estão
livres. Vale lembrar que o objetivo principal da TE é o uso contínuo da rede, e não de “Flash
Crowds” (um significativo aumento no uso da rede por um período muito pequeno de
tempo).
Para que as características descritas acima sejam possíveis, deve haver um elemento na
rede que seja responsável pela medição do uso e controle de seus recursos.
Traffic Trunks
Os pacotes que vão de um computador A para um computador B, em um determinado
período de tempo, podem ser agrupados como um fluxo de dados. Fluxos que percorrem o
mesmo caminho por uma parte da rede podem ser agregados, como acontece no MPLS com
IP´s diferentes sendo atribuídos ao mesmo FEC. A esses fluxos pode ser atribuída uma classe
de tráfego.
Temos como classe de trafego:
- Controle da Rede (Network Control) = precisa de banda garantida, mesmo que
pequena.
- Prioridade (Priority) = precisa de uma banda garantida, não importando o tamanho.
- Melhor esforço (Best Effort) = não precisa de banda garantida.
Quando fluxos são agregados de acordo com sua classe de tráfego, e colocados em uma
LSP, temos como resultado um “Traffic Trunk”. Trunks diferentes, e com classes de trafego
diferentes, podem dividir o mesmo LSP. Um Trunk não tem um LSP definido, e pode
acontecer de que ele seja atribuído a outro LSP.
LERs irão retirar dos pacotes IPs que recebem as informações sobre a classe de trafego,
mais especificamente da seção ToS (Type of Service) do cabeçalho IP. Tais informações serão
colocadas na seção EXP dos rótulos, como foi dito anteriormente.
Engenharia de Tráfego no MPLS
Para conseguir levar a TE de maneira eficiente para o MPLS, ainda é necessário o
elemento medidor e controlador da rede. Para tanto é preciso construir um “Grafo MPLS
Induzido”. Tal grafo é a representação das LSPs, sendo os vértices, e LSRs, sendo os nós, da
rede.
Tal grafo será usado no momento de escolher qual caminho (LSPs) criar para um
determinado Trunk. Sendo assim, a TE terá que tomar decisões de como:
- Mapear pacotes em FEC´s
- Mapear FECs em Trunks
- Mapear Trunks em LSP´s
Sendo que essa última é feita de acordo com o grafo. Vale lembrar que as decisões que
devem ser tomadas para uma gerência de trafego ideal fogem ao escopo do trabalho, que
visa apenas apresentar a TE no MPLS. Reforçamos apenas a idéia de que existe um elemento
na rede que irá controlar os estados dos recursos da rede, controlar os Trunks existentes e
criar as rotas de novas LSPs que porventura devem ser estabelecidas.
Agora levemos em consideração uma rede MPLS em que a distribuição de rótulos seja
feita de forma ordenada, os LSPs sejam construídos de maneira explícita, e as características
de reserva de banda do RSVP sejam utilizadas. Tal rede, aliada ao elemento responsável pela
medição e controle do fluxo, e conseqüentemente pelos grafos induzidos, é capaz de prover
as características de TE explicadas no início da seção.