Estudo de Casos

Rio de Janeiro

No dia 5 de abril de 2010 o Rio de Janeiro enfrentou uma das chuvas mais fortes já registradas na cidade, um desastre natural que ocasionou na morte de 231 pessoas e no desaparecimento de outras 60, além de desalojar aproximadamente 5000 pessoas.


Sala de controle do COR

Figura 4.1: Sala de controle do COR
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/2012-05-03/ig-visita-o-centro-de-operacoes-do-rio-de-janeiro.html

A demonstração da falta de preparo da futura cidade olímpica para lidar com grandes crises levou o então prefeito Eduardo Paes a colocar em prática o projeto do Centro de Operações do Rio de Janeiro (COR), com o objetivo de possibilitar que situações de crises pudessem ser gerenciadas a partir de um único lugar. O COR foi inaugurado em 31 de dezembro daquele ano, e suas inovações foram reconhecidas internacionalmente em 2012, quando o prefeito responsável fez uma apresentação no TED (disponível abaixo) sobre o futuro das cidades, e em 2013, quando o Rio de Janeiro levou para casa o World Smart City Award, prêmio da IBM que reconhece iniciativas para a modernização de modelos de gestão e desenvolvimento urbano.



Eduardo Paes no TED falando sobre o o futuro das cidades. Por volta dos 8 minutos começa a falar sobre o COR.
Fonte: http://www.ted.com/talks/eduardo_paes_the_4_commandments_of_cities

O Centro de Operações segue a definição de que uma cidade verdadeiramente inteligente será na verdade um sistema de sistemas, ou seja, que sistemas públicos e privados devem ser integrados para que as informações de um possam alimentar decisões tomadas pelo outro, tornando os sistemas da rede tanto produtores como consumidores de conhecimento e formando um ciclo de retroalimentação positiva. Abaixo podemos ver um diagrama do funcionamento do COR:


Diagrama de funcionamento do COR

Figura 4.2: Diagrama de funcionamento do COR.
Fonte: Naphade, M. et al. Smarter Cities and Their Innovation Challenges. Computer, v. 44, n. 6, p. 34, 2011.

Como podemos ver na imagem, o COR recebe informações sobre diversas câmeras da prefeitura espalhadas pela cidade, assim como de outras agências governamentais, como a CET-Rio e a Geo-Rio, e da localização imediata da Guarda Municipal, que são mostradas em um Sistema de Informação Geográfica (SIG ou, em inglês, GIS). O sistema utiliza essas informações, dentre outras, para se tornar um facilitador no gerenciamento de possíveis crises (como a que motivou a implementação do projeto) e do transporte dentro da cidade.

Além de dados públicos, o COR tem também parcerias com determinados agentes externos, como por exemplo o Waze. A parceria com o aplicativo de trânsito foi firmada em 2013, e permite que a Prefeitura utilize informações reportadas pelos usuários do aplicativo como ponto de partida para avaliar a situação a partir das outras camadas do sistema. O sucesso dessa parceria fez com que o Waze a levasse para outras cidades sob o projeto Waze Connected Citizens, enquanto o Rio de Janeiro ampliou esse novo conceito de cidadania digital com o Rio Colaborativo, que inclui também o aplicativo 1746, da central de atendimento da prefeitura.

Em preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, a prefeitura ganhou também o apoio da Unidade Móvel do Centro de Operações Rio (UM-COR), um equipamento pouco maior que uma mala de viagem que utiliza a tecnologia Instant Connect, da Cisco, para permitir conexão de forma segura com a sede do COR, na Cidade Nova. O objetivo é utilizar a UM-COR nas áreas em que a cobertura das redes que formam a camada principal do COR não sejam o suficiente. Além dos Jogos Olímpicos, a expectativa é de que a tecnologia passe a ser usada na operação de outros grandes eventos no Rio de Janeiro e em situações de emergência.


Porto Alegre

Devido ao grande crescimento populacional que vem ocorrendo nas últimas décadas, em que grande parte dos habitantes passam a residir em cidades como consequência da urbanização acelerada, são necessárias novas soluções para os problemas que surgem a partir desse aglomerado de pessoas que se formam nas cidades. Dentre esses problemas, podemos ressaltar a dificuldade em fornecer serviços, a poluição excessiva, e o alto consumo de recursos.

Buscando inovações em formas de resolver os problemas, o governo de Porto Alegre criou um portal online de fácil acesso para a população que disponibiliza maneiras da população conseguir informação sobre a prefeitura e a cidade, serviços e produtos fornecidos pela prefeitura. O portal consiste de um site onde o indivíduo pode selecionar seu perfil como cidadão, empreendedor ou estudante, separando diferentes opções e notícias para cada perfil selecionado e facilitando o acesso a informações que sejam de maior interesse de acordo com o usuário. O site possui também abas principais que contém informações sobre temas de interesse geral, como assuntos fornecidos pela secretaria do município, links para departamentos da prefeitura, e serviços online para os moradores. Existe também um programa, chamado Fala Porto Alegre, que é utilizado para reclamações e solicitações sobre os serviços do Executivo da Capital. Além dessa iniciativa de governo eletrônico, foi inaugurado no final de 2012 um centro de operações, nomeado Centro Integrado de Comando (CEIC), onde imagens fornecidas por câmeras e sensores distribuídos pela cidade são monitoradas.


Sala de controle do CEIC

Figura 4.4: Sala de controle do CEIC.
Fonte: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ceic/default.php?p_secao=25

O CEIC é uma integração da base tecnológica que Porto Alegre construiu nos últimos anos, junto com o apoio de 18 agências de serviços públicos, funcionando sem pausa e operando com técnicos de diversas áreas com o objetivo de possibilitar soluções para emergências de forma mais rápida e com mais eficiência. Contando com um sistema de mais de 1000 câmeras, o principal objetivo do Centro Integrado é monitorar a cidade e integrar os serviços públicos de forma transparente, trazendo benefícios como previsões do clima, com orientações do que fazer para se precaver contra ondas de calor ou frio, chuvas ou ventos fortes, e indicações de locais que possam estar parados devido trânsito, eventos, ou por serem zonas de risco ao cidadão.


Diagrama de integração do CEIC

Figura 4.3: Diagrama de integração do CEIC.
Fonte: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ceic/default.php?p_secao=25

O sistema do CEIC consiste com uma série de monitores formando uma videowall localizado numa sala de controle com 24 estações de trabalho, onde é possível reproduzir e controlar qualquer imagem dos monitores da videowall nos computadores das estações, além de uma sala adjacente onde jornalistas podem transmitir informações atuais sobre trânsito, clima, e demais noticias durante o dia. Através de um sistema que recebe informações georreferenciadas por meio de câmeras e sensores da cidade, o CEIC consegue localizar ambulâncias, analisar sensores pluviométricos e de temperatura, e identificar situações de emergência. O sistema de notificação de emergências apresenta três estados de operação: Monitoramento, no qual nenhuma situação de risco está acontecendo, Atenção, no qual, em situações de risco ou de grandes eventos alteram a rotina normal da cidade, e Alerta, no qual se apresenta uma situação de risco, podendo ser uma catástrofe climática ou alguma ocorrência que apresente grande ameaça para a população.