Atualidade

Uma das razões para a estagnação no desenvolvimento de DTNs era a relativamente simples arquitetura de sua principal aplicação: comunicação espacial. As missões ainda envolviam poucos componentes projetados para enviar e receber mensagens do Centro de Comando em terra e o diâmetro das redes administradas pelas agências espaciais ainda era muito pequeno.

Foi a partir dos anos 2000, com o lançamento de missões mais complexas e com múltiplos estágios comunicantes e o estabelecimento de redes de satélites e sondas na Terra, Lua e Marte, que a demanda por redes mais avançadas impulsionou a retomada da pesquisa em DTNs. Nesse período, missões de monitoramento ambiental em órbita da Terra, a construção da Estação Espacial Internacional (EEI) e a aterrissagem de um número recorde de veículos de exploração em Marte representaram a maior parte dos orçamentos da NASA e da ESA, pioneiras nesse campo.

Sondas LRO e LCROSS da NASA Sondas LRO e LCROSS. Imagem extraída de nasa.gov.

Em 2009, a agência espacial norte-americana realizou a primeira implementação de seu novo projeto de DTN para missões futuras: a Interplanetary Overlay Network - ION (também chamada de “Internet interplanetária”). Seu primeiro teste foi realizado na comunicação entre equipamentos da EEI e da EEI com a Terra. A implementação, que se encontra disponível publicamente, foi concluída e colocada em uso oficial em maio de 2016, também na estação espacial. Desde então, sabe-se que pelo menos outras quatro missões da agência utilizaram, com sucesso, a tecnologia de DTN.

Ademais, é importante salientar que as aplicações de DTN não mais se restringem à exploração espacial. Desde a corrida espacial, quando no termo ganhou força, até hoje, o uso das redes de computadores se intensificou e passou a ser indispensável nas mais diversas áreas. A conexão de computador e outros aparelhos eletrônicos é necessária em aplicações financeiras, comerciais, militares e na provisão de serviços públicos.

Por isso, muito foi investido na última década em pesquisa de DTNs, cujo conceito foi estendido para Redes Tolerantes a Atrasos e Desconexões, para conectar nós em solo. Por exemplo, o exército dos EUA e as forças de manutenção da paz da ONU passaram a utilizar DTNs para garantir a troca de informações em zona de conflito entre tropas e bases. Por exemplo, um veículo em deslocamento pode levar consigo antena e roteador, servindo de ponto de conexão a ser posicionado quando uma rede sofrer uma interrupção. Organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha Internacional, e agências de notícias valeram-se de DTNs para comunicação e envio, por exemplo, de matérias e imagens a partir de zona em crise, como na Síria.


Ilustração do funcionamento de DTN. Extraído de nasa.gov.